O papa Francisco morreu na madrugada desta segunda-feira (21/4), aos 88 anos, em sua residência oficial, a Casa Santa Marta, no Vaticano. O falecimento ocorreu após complicações de saúde decorrentes de uma pneumonia dupla. O pontífice esteve internado por cerca de 40 dias, mas chegou a fazer aparições públicas dias antes de sua morte, demonstrando aparente melhora.
No sábado (19/4), Francisco apareceu na Basílica de São Pedro, no Vaticano. Já no Domingo de Páscoa (20/4), fez sua última bênção pública na Praça de São Pedro, acenando para milhares de fiéis e transmitindo uma mensagem de esperança. Durante o discurso, pediu aos líderes políticos que “não cedam à lógica do medo, mas usem os recursos disponíveis para ajudar os necessitados, combater a fome e promover iniciativas que favoreçam o desenvolvimento”.
O PRIMEIRO PAPA LATINO-AMERICANO
Jorge Mario Bergoglio nasceu em Buenos Aires, na Argentina, em 17 de dezembro de 1936, filho de Mário Bergoglio e Regina Maria Sivori, ambos imigrantes italianos. Antes de ingressar na vida religiosa, formou-se em química. Aos 20 anos, decidiu se tornar padre e ingressou no seminário de Villa Devoto, dando início ao noviciado na Companhia de Jesus em 1958. Foi ordenado sacerdote em 1969.
Sua trajetória na Igreja Católica foi marcada por dedicação tanto pastoral quanto acadêmica. Ele lecionou na Faculdade de São Miguel, foi reitor da instituição e obteve doutorado em Teologia pela Universidade de Freiburg, na Alemanha. Em 1992, foi nomeado bispo auxiliar de Buenos Aires e, em 1998, tornou-se arcebispo. Já em 2001, o papa João Paulo II o nomeou cardeal.
Em 13 de março de 2013, após a histórica renúncia de Bento XVI, Bergoglio foi eleito o 266º papa da Igreja Católica, adotando o nome Francisco — uma referência direta a São Francisco de Assis, símbolo de humildade e compromisso com os pobres.
UM PAPADO DE ABERTURA E REFORMAS
Ao longo de seu pontificado, Francisco foi visto como um papa progressista. Desde o início, adotou uma postura simples e acessível, abrindo as portas do Vaticano para um discurso mais inclusivo. Promoveu reformas estruturais na administração da Igreja e combateu com firmeza os escândalos de abuso sexual envolvendo membros do clero.
Em 2023, encontrou-se com vítimas de abuso sexual em Portugal e criticou duramente a forma como setores da Igreja lidaram com os casos. Já em 2025, o Vaticano aprovou novas diretrizes para permitir a entrada de homens gays em seminários, desde que vivessem a castidade. O comunicado oficial destacava que a orientação sexual dos candidatos não deveria ser um fator de exclusão.
Essas decisões fizeram com que fosse admirado tanto dentro quanto fora da Igreja, mas também enfrentasse resistência entre os setores mais conservadores da instituição.
LUTAS PESSOAIS PELA SAÚDE
Desde a juventude, Francisco conviveu com sérios problemas de saúde. Ainda jovem, teve parte de um dos pulmões removido. Com o passar dos anos, enfrentou episódios recorrentes de bronquite, agravados nos meses mais frios.
Em 2023, precisou ser internado por três dias para tratar uma bronquite grave e, desde então, passou a utilizar uma cadeira de rodas devido a fortes dores no joelho. Em fevereiro de 2025, foi internado novamente por complicações respiratórias. O quadro se agravou, e ele acabou se ausentando de seus compromissos públicos até sua breve reaparição nos dias que antecederam sua morte.
Mesmo com o corpo fragilizado, Francisco insistiu em manter-se próximo dos fiéis. Sua última mensagem de Páscoa, no domingo (20), foi marcada por emoção, gestos de carinho e palavras de fé.
LEGADO
Papa Francisco deixa um legado de humildade, renovação e firmeza moral. Foi um pontífice que buscou aproximar a Igreja dos pobres, das periferias e dos marginalizados. Com um olhar voltado para a justiça social, a paz e a inclusão, marcou seu tempo como um líder espiritual que ousou reformar a Igreja por dentro, sem abandonar os princípios que a sustentam.
Sua morte encerra um capítulo histórico para o Vaticano e para milhões de fiéis ao redor do mundo. Agora, a Igreja Católica inicia um novo processo de sucessão para definir quem será o próximo líder a ocupar o trono de São Pedro.
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